Você já deve ter ouvido a história de que engolimos até oito aranhas enquanto dormimos. Essa ideia, que circula há anos na internet, gera curiosidade para alguns e até um pouco de desconforto e medo para outros.
A imagem de um aracnídeo entrando na boca de alguém desprevenido durante o sono parece saída de um filme de terror. Mas será que isso realmente acontece? Para entender melhor, é preciso analisar como as aranhas se comportam e se isso faz sentido no mundo real.
Quantas aranhas engolimos enquanto dormimos?
As chances de engolir uma aranha durante o sono são praticamente nulas. Foto: Reprodução / Pexels
Não engolimos nenhuma aranha enquanto dormimos. Rod Crawford, curador de aracnídeos no Museu Burke de Seattle, explica no site Mental Floss que, para uma aranha ser engolida durante o sono, uma série de eventos altamente improváveis precisaria ocorrer simultaneamente.
Primeiro, a pessoa precisaria dormir de boca aberta, o que não é comum para todos. Além disso, as aranhas raramente se aproximam de camas, já que a presença humana e os movimentos durante o sono tendem a afastá-las.
Outro fator importante é o comportamento das aranhas. Elas não são atraídas por humanos e, muito menos, por orifícios como a boca, que exalam ar quente.
O especialista destaca que, se alguém soprar em uma aranha, ela provavelmente fugirá, mostrando que não há interesse em se aproximar de algo tão “ameaçador”.
Além disso, mesmo que uma aranha chegasse perto da boca de alguém dormindo, não há garantia de que a pessoa engoliria automaticamente. O reflexo de deglutição não é acionado tão facilmente durante o sono.
Por fim, não há evidências concretas de que alguém já tenha engolido uma aranha enquanto dormia, confirmando que essa história se trata mais de uma lenda urbana do que de um fato científico.
Como esse mito surgiu?
O mito de que engolimos até oito aranhas enquanto dormimos parece ter surgido como um exemplo de como a desinformação pode se espalhar rapidamente, especialmente na web.
A história mais citada sobre sua origem remonta a um artigo escrito por Lisa Holst, uma suposta colunista da revista PC Professional, em 1993.
Holst teria criado uma lista de “fatos” falsos, incluindo a estatística das aranhas, para ilustrar como as pessoas tendem a acreditar em informações absurdas apenas porque estão circulando online.
Curiosamente, a estatística das aranhas pode ter sido inspirada em crenças populares ou folclóricas mais antigas, já que Holst supostamente se baseou em um livro de 1954 chamado Insect Fact and Folklore.
A ironia é que, ao tentar demonstrar como as pessoas acreditam em informações falsas, o próprio exemplo criado por Holst acabou se tornando uma das maiores lendas urbanas da era digital.
No entanto, essa explicação também foi questionada, já que não há registros concretos da existência dessa jornalista, da coluna ou até mesmo da revista PC Professional.
Desse modo, não há como saber exatamente como o rumor de que engolimos aranhas durante o sono começou. A única coisa concreta que temos sobre o assunto é uma menção ao mito em uma lista de curiosidades publicada pelo jornal britânico The Guardian em 1999.
